sexta-feira, 25 de outubro de 2002

"Eu pinto como os outros escrevem suas biografias. Minhas pinturas, estejam terminadas ou não, são as páginas do meu diário, e como tal são válidas. 0 futuro escolherá as páginas que preferir. Eu sinto como se o tempo fugisse de mim cada vez mais depressa. Eu sou como um rio que continua a correr, carregando as arvores que crescem muito perto dos bancos, carcaças abandonadas e as várias espécies de micróbios que proliferam em suas águas. Eu absorvo tudo isso e continuo em meu caminho. É o movimento da pintura que me interessa, a passagem dramática de um 'escopo' para outro, mesmo que estes 'escopos' não possam ser carregados até sua conclusão. No caso de alguns de meus trabalhos, eu posso dizer: o 'escopo' foi levado até sua conclusão, desde que consegui bloquear a corrente de vida em torno de mim. Eu tenho cada vez menos tempo, embora tenha cada vez mais coisas para dizer. E o que eu tenho para dizer é, mais e mais, algo que se move para a frente, junto ao movimento de meu pensar."